terça-feira, 5 de novembro de 2013

Thor - O Mundo Sombrio

Thor finalmente ganha um filme à sua altura


Não quero aqui começar esse texto criticando o primeiro filme da saga do deus nórdico de Asgard. Até porque sou um dos que defenderam o trabalho do diretor Kenneth Branagh em Thor, principalmente com relação a construção e a apresentação fantástica de Asgard. Infelizmente, ao migrar para a terra, o longa original perde não só o ritmo, como também a qualidade, não alcançando o mesmo impacto em relação aos outros filmes do heróis Marvel. Apesar disso, Thor conseguiu um ótimo espaço em Os Vingadores, Chris Hemsworth ganhou destaque e O Mundo Sombrio passou a ser um projeto de maior porte dentro da Marvel. O segundo longa dentro da fase 2 do universo Os Vingadores - o primeiro foi Homem de Ferro 3 - o novo Thor explora o que de melhor esse gênero pode nos oferecer. Com uma trama extremamente bem encaixada, efeitos visuais inventivos, personagens bem aproveitados e equilibradas doses de humor, Thor - O Mundo Sombrio se torna uma das melhores obras concebidas pela Marvel. Méritos para o diretor Allan Taylor, que leva a sua experiência da série de Game of Thrones para as telonas, conseguindo criar um filme com a grandiosidade que o herói das histórias em quadrinhos merecia.


E isso acontece porque a continuação opta por não se levar muito a sério, explorando com equilíbrio a mistura entre aventura e comédia que vem consagrando os filmes da Marvel. Se em Homem de Ferro 3 os fãs acabaram torcendo o nariz para as altas doses de humor, realmente o longa acabou pecando pelo excesso, em Thor 2 essa fórmula é utilizada com eficiência. Diferentes de filmes como O Homem de Aço e da trilogia Batman comandada por Cristopher Nolan, que se levam a sério até demais, os trabalhos da Marvel sempre agradaram por privilegiarem a diversão, através desta eficiente mistura de ação com a comédia. Uns até exageraram, mas geralmente essa fórmula sempre é bem utilizada, rendendo milhões e milhões de dólares em todo mundo. E nesse ponto, o novo capítulo da saga do deus nórdico deveria servir como exemplo a ser seguido dentro do universo Marvel. Sem deixar que um gênero atrapalhe o outro, a trama assinada por Christopher Markus e Stephen McFeely consegue criar ótimos alívios cômicos, principalmente envolvendo os personagens de Loki (Tom Hiddleston) e Darcy (Kat Danings). 


Sob os olhares atentos de Joss Whedon, que também colaborou com o desenvolvimento do roteiro, Thor 2 se passa após os eventos acontecidos em Nova Iorque, no longa Os Vingadores. Com Loki agora detido por Odin (Anthony Hopkins) em Asgard, a pedido de sua "madrasta" Frigga (Rene Russo), Thor (Chris Hemsworth) recebeu a missão de restaurar a paz dentro dos nove reinos. Mesmo fazendo o que mais gosta, Thor parece não estar muito feliz com a distância que o separa de sua amada Jane (Natalie Portman), que viajou para Londres após o ataque de Loki. Perto de concluir a sua missão, Thor acaba se deparando com um poderoso e lendário adversário, o elfo negro Malekith (Christopher Eccleston), uma força maligna que no passado já havia tentando destruir Asgard. Buscando uma fonte inesgotável de poder escondida pelos asgardianos, Malekith entra em rota de colisão com Jane, que na ânsia de encontrar um caminho para reencontrar o seu amor, acaba acidentalmente a achando. Ciente desta situação, Thor volta a Terra e leva Jane para Asgard, na tentativa de protegê-la. O que Thor ainda não sabe é que um velho conhecido poderá ser a única salvação, não só para Asgard, como também para todo o Universo.


Em cima deste interessante argumento, bem melhor concebido do que o original, a trama acaba tendo como grande destaque a forma como explora os seus personagens. Tom Hiddleston e o seu Loki realmente roubam a cena, com direito a uma interpretação repleta de sarcasmo e intensidade. Não podemos negar, porém, que cada vez mais Chris Hemsworth se coloca como a escolha perfeita para viver Thor. Extremamente à vontade em cena, Hemsworth demonstra não só grande química com Hiddleston e Portman, como também segue brilhando nas cenas de ação, convencendo tanto nos momentos mais dramáticos, como também nas partes mais cômicas. A cena em que ele pendura o seu martelo na casa de Jane é hilária. Por sua vez, Natalie Portman deixa de ser apenas a donzela indefesa do primeiro longa, tem uma participação ainda maior na trama, e corresponde em cena. Diferente do original, no entanto, o roteiro não gira apenas em torno do trio de protagonistas, dando ênfase a outros personagens importantes, como a estagiária Darcy, muito bem conduzida por Kat Dannings, o seu atrapalhado assistente Ian, Jonathan Howard é a grande novidade no filme, Odin, a madrasta Frigga e o guardião Heimdall, novamente vivido pelo ótimo Idris Elba. Além de explorar o talentoso elenco, essa opção dá uma boa encorpada na trama, que tem ótimo ritmo e é bem conduzida por Allan Taylor. Destaco aqui o desenvolvimento da personagem Frigga, vivida pela bela e competente Rene Russo, que, com maior espaço em cena, contribui - e muito - para os momentos mais  densos do longa. Outro personagem que acaba sendo muito bem explorado é o Dr Selvig (Stellan Skarsgard), surtado em cena após os acontecimentos de Os Vingadores. Essa conexão com outros filmes da série, aliás, é utilizada de forma perspicaz, não só com referências, mas de forma direta ao desenrolar da trama.


Como se não bastasse o melhor aproveitamento de todos os personagens, outro grande mérito de Thor 2 fica pela concepção visual. Trazendo na bagagem a experiência da série Game of Thrones, o diretor Allan Taylor acerta não só ao manter a estética visual de Asgard, mas também, ao estendê-la para a terra. Com efeitos visuais realmente empolgantes, Taylor acerta ao levar a ação para todos os cenários do filme, em Asgard, na Terra e num terceiro espaço, meio desértico, que guardava essa fonte de poder. Apostando em grandes batalhas aéreas e em cenas de destruições dignas de Os Vingadores, Taylor concebe um filme com a proporção exata do herói Marvel e - diferente do primeiro Thor - consegue dar um tom épico ao longa. Muito disso, aliás, devido à ótima trilha sonora assinada por Bryan Tyler, que dita o ritmo do filme, principalmente, nos momentos de maior densidade. Na verdade, Thor - O Mundo Sombrio só não fica no mesmo nível de Os Vingadores por dois claros descuidos. O primeiro deles fica pelo dispensável uso do 3-D, que por ser convertido, pouco acrescenta ao resultado final do longa. O segundo, e mais complicado, acaba sendo o pouco interessante vilão Malekith. Apesar da ótima apresentação, com direito a grande batalha antes do crédito inicial, Malekith parece não ser um vilão à altura de Thor. Christopher Eccleston até se esforça para dar alguma personalidade ao simplório personagem, a construção visual dele e de seu exército chamam a atenção, mas no final das contas, ele acaba ficando aquém em relação ao restante dos personagens.


Pequenos problemas que não tiram os méritos de O Mundo Sombrio, até porque a eficiente trama não se prende ao duelo entre Thor e Malekith, apostando em outras soluções que vão agradar - e muito - aos fãs da franquia. Não é por menos que mesmo sem ter estreado ainda nos EUA, o longa já faturou mais de 100 milhões de dólares no seu primeiro fim de semana, prometendo se tornar um dos recordes de bilheterias dentro do universo Os Vingadores. Uma obra à altura desse grande herói, que explora muito bem a fórmula que vem consagrando a Marvel nos cinemas, abrindo as portas para um bem vindo terceiro longa. Antes disso, no entanto, teremos novos capítulos dentro deste universo, com os lançamentos de Capitão América 2 e Os Guardiões da Galaxia, em 2014, com o aguardado Homem-Formiga e - logicamente - com o segundo Os Vingadores. Esses dois últimos, porém, com previsão de lançamento para 2015. 

OBS: Temos não só uma, mas duas cenas pós-créditos, portanto não deixe os seus assentos antes dos créditos finais.

OBS 2: A participação de Stan Lee no filme é uma das melhores dentro dos longas da Marvel.

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