domingo, 7 de dezembro de 2014

Quero Matar meu Chefe 2

Ainda mais surtada, continuação consegue ser tão divertida quanto o original


Apostando na repetição das fórmulas que consagraram o primeiro longa, Quero Matar meu Chefe 2 faz novamente um ótimo uso da impecável química entre os protagonistas, do humor completamente nonsense e da overdose de idiotices apresentadas durante 1 h e 40 min de projeção. Dirigido e roteirizado por Sean Anders (Sex Drive - Rumo ao Sexo), o longa até se esforça para conseguir se distanciar do original, principalmente ao investir numa trama um pouco mais elaborada, mas acaba realmente encontrando a sua graça nas imaturas atitudes e na verborragia estúpida dos personagens estrelados por Jason Bateman, Charlie Day e Jason Sudeikis. O grande trunfo desta sequência, porém, fica pela hilária presença de Chris Pine (Star Trek), um improvável "aliado" deste trio de amigos na busca pelo "sonho americano" de ter o seu próprio negócio. 


Enquanto no original Nick (Bateman), Dale (Day) e Kurt (Sudeikis) queriam por um fim a tirania de seus chefes, nesta continuação o plano destes amigos parecia ser bem mais simples. Após Dale inventar um chuveiro com várias funcionalidades, o trio resolve investir pesado nesta ideia e abrir o seu próprio negócio. Cansados de se submeterem as excêntricas vontades de seus respectivos patrões, os três encontram numa grande empresa a porta de entrada para o sucesso. Com o aval do poderoso Bert Hanson (Christoph Waltz), Nick, Dale e Kurt conseguem o investimento para produzirem 100 mil exemplares deste chuveiro. Tudo muda, no entanto, quando eles descobrem que o apoio não passava de um golpe e que Bert iria decretar a falência do trio poucos dias depois dele iniciarem as suas atividades. Devendo mais de US$ 500 mil ao banco, eles resolvem bolar outro de seus planos "mirabolantes". Ao invés de tentar matar alguém, o trio decide sequestrar o filho de Bert, Rex (Pine), um playboy mimado e milionário.


Em meio às tolices e aos improvisos dos protagonistas, extremamente soltos em cena, o roteiro não se faz de rogado ao apostar também num oscilante humor politicamente incorreto. Deixando a sutileza de lado, Sean Anders investe nas piadas de cunho racial e sexual, se apoiando nos bem-vindos retornos do surtado "Mete a Mãe" Jones (Jamie Foxx) e da fogosa dentista vivida por uma despudorada Jennifer Aniston. Sequências que ora beiram o genial, como no hilário encontro entre os viciados em sexo, ora o desnecessário, como nas piadas sobre a KKK e o estereótipo racial de Jones. Menos mal que, apesar da repetição de algumas gags, é no falatório idiota promovido por Day, outra vez roubando a cena, Bateman e Sudeikis que o longa segue se escorando e valendo o ingresso. Por outro lado, se no primeiro longa a sátira social parecia se sobressair em relação à trama, nesta continuação o argumento parece ser bem mais equilibrado. Na base do bom e velho feijão com arroz, Anders aposta numa história mais azeitada, que mesmo seguindo a linha narrativa do original consegue render reviravoltas um pouco mais inspiradas. Com destaque para a figura do maquiavélico Rex, que graças ao visivelmente empolgado Chris Pine se torna uma funcional adição ao elenco, demonstrando um nítido entrosando com o inusitado trio de protagonistas.


Pecando ao subaproveitar o sempre ótimo Christoph Waltz, que parece um tanto quanto deslocado dentro da trama, Quero Matar Meu Chefe 2 compensa boa parte das falhas ao potencializar as desventuras deste trio de amigos. Na verdade, como se não bastassem as elevadas doses de ofensas, piadas de duplo sentido e referências à cultura pop, muito bem capturadas pela dublagem brasileira, esta continuação consegue caprichar não só nas sequências de ação, como também na escolha do elenco, que conta ainda com a inestimável participação de Kevin Spacey. Uma sequência despretensiosa, cheia de altos e baixos, mas que diverte pela naturalidade com que Charlie Day, Jason Bateman e Jason Sudeikis conseguem reproduzir as idiotices de seus personagens.

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